segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Oposição volta a questionar legalidade da Liga dos Amigos

Oposição volta a questionar legalidade da Liga dos Amigos



Autarquia vai atribuir 1,5 milhões para obras do Fórum Luísa Todi
Apesar dos votos contra do PS e do PSD, a câmara municipal aprovou, na passada quinta-feira, em sessão pública, a doação de um milhão e quinhentos mil euros para ajudar a subsidiar a requalificação do Fórum Municipal Luísa Todi. Os vereadores da oposição mostraram manter dúvidas acerca da legalidade de todo o processo de adjudicação de obra e da validade da Liga dos Amigos do Fórum.


Vera Gomes


A Câmara Municipal de Setúbal vai atribuir um subsídio à Liga dos Amigos do Fórum Municipal Luísa Todi, no montante de 1 milhão e 500 mil euros, a pagar em várias tranches mensais, a começar já em Abril com a doação de 200 mil euros. De Maio a Julho, a Liga vai receber 150 mil euros em cada mês; nos meses de Agosto e Setembro, são concedidos 130 mil euros em cada mês; em Outubro 330 mil euros; e Novembro e Dezembro 130 mil euros em cada mês.

Embora tenha sido aprovada por maioria, esta proposta, apresentada na sessão pública da passada quinta-feira, obteve os votos contra dos vereadores do PS e PSD.

Os socialistas apresentaram um comunicado, no qual revelam que a solução adoptada pela CDU para o processo de recuperação do Fórum Luísa Todi suscitou, desde o início, dúvidas “acerca da sua conformidade com regras legais e financeiras”.

O PS alega não ter dúvidas de que “não se observaram as regras mais elementares da contratação pública neste caso, nem sequer se cumpriram as normas técnicas de especialidade previstas para obras públicas deste género”.

Alegam ainda que a responsabilidade pela condução das obras foi atribuída a uma entidade que, “à data da assinatura da empreitada, não tinha sequer personalidade jurídica”, o que consideram ser “um caminho pouco rigoroso”.

Mostraram-se também apreensivos quanto ao “verdadeiro impacto” que esta solução terá nas finanças municipais, dados os “anunciados subsídios à Liga” e a “fraca evolução da obra”.

Face a estas circunstâncias, os vereadores socialistas apresentaram pedidos de apreciação a três entidades distintas, com competência na tutela de legalidade sobre a administração local, “acerca da actual situação do Fórum e da legalidade do procedimento adoptado pela câmara para efectuar as obras de requalificação e ampliação do mesmo”.

Os vereadores socialistas declararam que vão tentar apurar a fundamentação jurídica para a aprovação de financiamentos em programas operacionais regionais, previstos em quadros de apoio comunitários para obras em equipamentos públicos, “sem que existisse o rigor do concurso público”, e como se enquadra a execução de obras em equipamentos públicos “por parte de entidades sem personalidade jurídica”.

O PS propôs ainda a retirada da proposta sobre o subsídio à liga, “até que haja uma personalidade externa que valide a posição do município”, explicou o vereador Luís Barão.

O vereador do PSD Paulo Calado, em substituição de Jorge Santana, também se mostrou a favor da retirada da proposta e manifestou-se “perplexo” com a proposta, dado que, de acordo com o social-democrata, tinha sido “garantido, em sessões anteriores, que o mecenato ia garantir o financiamento das obras”. Paulo Calado pediu esclarecimentos sobre o facto de a Liga do Amigos estar a ser “usada como dono da obra, em vez da câmara”. Além disso, salienta, “devia ter sido lançado concurso público para adjudicar a obra”.

Recorde-se que a Liga dos Amigos do Fórum Municipal Luísa Todi foi constituída em 30 de Novembro de 2007 com o objectivo de promover e divulgar o projecto e conceder contribuições materiais ou em trabalho, angariar fundos através de campanhas de donativos. Neste momento, estima-se que o custo da obra ascenda a 4 milhões e 750 mil euros.



Em resposta às dúvidas da oposição


Dores Meira garante que obra está “de acordo com a lei”


“A obra está de acordo com a lei e está tudo devidamente documentado e com parecer jurídico”, justificou a presidente da autarquia, respondendo às questões da oposição.

A edil sublinha que “a obra foi objecto de protocolo com a Autoridade de Gestão do PORLISBOA e o IGESPAR, que foram nossos parceiros na candidatura a financiamento, no âmbito do RESET – Programa Integrado de Regeneração Urbana do Centro Histórico de Setúbal. Portanto veja o nível de responsabilidade que estas entidades têm!”, atirou, dirigindo-se à bancada socialista.

Continuando, Dores Meira reitera que a Liga do Amigos “tinha e tem personalidade jurídica”, está a “mobilizar esforços” e está “prevista no Código Civil”.

Contrariando as justificações da presidente, o vereador socialista José Luís Barão, alega que o que a liga fez “foi pedir uma ficção de personalidade jurídica” e afirma que “é inegável que se tenha que aplicar o código da contratação pública”.

O socialista sublinhou também a “falta de rigor em matéria financeira”, referindo que “o processo não transmite confiança quando se diz que o orçamento ‘pode ser de determinado valor…’”. “A liga funciona como gestora de obras públicas e dinheiros públicos o que levanta dúvidas a nível legal”, concluiu o jurista que defende uma “resposta municipal pública para a requalificação do fórum”.

“A resposta municipal está a ser dada, com uma equipa de técnicos qualificada e é com toda a responsabilidade que a obra está a avançar”, retorquiu a autarca, lembrando que outras obras emblemáticas como a estátua do Bocage ou a fonte do centenário, também foram construídas ao abrigo do mecenato.


V.G.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

PS acusa CDU de “adoptar estilo de concentração de poderes”


PS acusa CDU de “adoptar estilo de concentração de poderes”


Os vereadores do PS na Câmara Municipal de Setúbal acusam o executivo comunista, liderado por Maria das Dores Meira, de adoptar “um estilo de concentração de poderes” e de “negação”, aos partidos da oposição, “dos direitos à informação e à igualdade de armas”. Teresa Almeida, que entretanto renunciou ao seu mandato na autarquia, considera, por isso, que tem “existido um crescente défice democrático inaceitável, sem precedentes na história política do município de Setúbal”.




A ex-vereadora socialista lamenta o “afastamento” dos vereadores do seu partido e do PSD do edifício dos paços do concelho, uma vez que estes, no seu entender, “foram colocados noutro local, sem condições de trabalho e sem equipamentos adequados que permitam aceder à rede interna de trabalho da câmara municipal”. “Os vereadores do PS, ainda assim, têm levantado assuntos que consideram ser do interesses dos setubalenses”, alega.



De entre os temas em questão, Teresa Almeida recorda a apresentação de uma moção, que visava o regresso da feira de Sant’Iago ao centro da cidade, entretanto “chumbada pelos votos da CDU, numa atitude arrogante que não permitiu que a questão fosse debatida e devidamente ponderada”. “A CDU permitiu ainda o corte nos investimentos privados na modernização da linha ferroviária de Setúbal, bem como na criação de um parque de estacionamento subterrâneo na zona da Praça do Brasil”, reitera.



Além das críticas em torno de ambos os assuntos, Teresa Almeida revela que o PS já pediu esclarecimentos à Inspecção-Geral da Administração local (IGAL) sobre alegadas “irregularidades na requalificação do Fórum Luísa Todi”. “Esta obra é um claro exemplo de como a coisa pública não pode gerida”, explica. De igual modo, a ex-vereadora do PS lamenta que os primeiros “cem dias do executivo da CDU fiquem marcados por uma linha política de continuidade de empolamento de receitas, de aumento das despesas correntes e de gastos com pessoal”.



“Grave é também a ausência de resposta para uma proposta que visava implementar um plano anti-corrupção na câmara, a manutenção dos níveis do passivo financeiro global e o incumprimento do contrato de reequilíbrio financeiro”, conclui. Contactado pelo “Setúbal na Rede”, fonte do gabinete da presidência de Maria das Dores Meira ressalva apenas que a autarca “vai tomar uma posição sobre estas críticas muito em breve”.



Bruno Cardoso - 05-02-2010 15:20

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

«100 dias de CDU»

«100 dias de CDU»


Teresa AlmeidaO vereadores do partido socialista na Câmara Municipal de Setúbal, em conferência de imprensa, seguido de um jantar onde se reuniram cerca de cinquenta pessoas, fizeram o balanço de 100 dias de mandato da CDU.

Foi Teresa Almeida, líder da bancada socialista, que está de partida para a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, (CCDR-LVT), que foi a porta-voz dos vereadores.

Teresa Almeida começou por referir o primeiro sinal negativo da CDU com “ a verificação da existência de um défice democrático que não encontra precedentes na história do Município de Setúbal” e afirmou que “ os vereadores do partido socialista e partido social-democrata, foram afastados do edifício dos Paços do Concelho e colocados noutro local sem condições de trabalho”.

Teresa Almeida fez referência ás obras em curso no Fórum Luísa Tody dizendo “ o PS manifestou serias dúvidas sobre recurso à sua gestão por entidade externa, a Liga de Amigos, nomeadamente sobre os procedimentos aplicados nos concursos de obra e tem vindo a afirmar a sua preocupação pela derrapagem das previsões de custos e tempo de execução, com inevitáveis prejuízos para os agentes culturais e publico em geral. Esta obra é um claro exemplo de como a coisa pública não pode ser gerida, e pelas dúvidas iremos solicitar a análise desta questão pelas entidades de controlo da legalidade da actividade da administração local”.

Teresa Almeida, também se referiu ao Orçamento da Câmara Municipal de Setúbal para 2010, salientando que “ esquece por completo os efeitos da crise económica e social em Setúbal” e adiantou “mais grave continua a ser a manutenção do passivo financeiro global na ordem dos 100 milhões de euros, os seis meses que o município leva a pagar aos fornecedores e o incumprimento do contrato de reequilíbrio financeiro”.

A vereadora socialista, também deu nota negativa à CDU, falando das taxas municipais a cobrar aos Setubalenses “ em nosso entendimento, não respeitam a legalidade, dado que não estão fundamentadas económica nem juridicamente e porque em parte dessas taxas os cidadãos continuam sem saber onde os recursos cobrados são aplicados”.



Eduardo DiasO convívio de socialistas culminou com o actor do Teatro Fontenova, Eduardo Dias, declamando um texto de Manuel Alegre.

Estiveram presentes neste jantar de socialistas, alem dos vereadores eleitos, Fátima Lopes, Fernando José e José Luís Barão, que entra com a saída de Teresa Almeida, Luís Gonelha, Carlos Costa, Chocolate Contradanças, Paula Costa, Mário Pereira, presidente da (ACM).

Nota: esta notícia, passa na informação da Rádio Azul 98.9, efectuada pelos jornalistas Alberto Antunes e Júlia Carvalho.

Actualizado em ( 04-Fev-2010 )