quarta-feira, 14 de abril de 2010
DECLARAÇÃO DE VOTO PROPOSTA N.º 12/2010 – DAF PROPOSTA N.º 13/2010 - DAF
Moção Viva o 25 de Abril
DECLARAÇÃO DE VOTO RELATÓRIO E CONTAS 2009
DECLARAÇÃO DE VOTO
RELATÓRIO E CONTAS 2009
CÂMARA MUNICIPAL DE SETÚBAL
- O relatório de Prestação de Contas de 2009, submetido à apreciação do Executivo, representa o resultado da actividade municipal no ano transacto e reflecte também o modo como foram aplicados os meios financeiros colocados à disposição do Executivo durante esse período.
- Dada a importância que este documento tem para a gestão do Município, importa distinguir dois planos de análise e de tomada de posição, a saber:
· O relativo aos documentos de prestação de contas do exercício e gerência de 2009, cuja responsabilidade e accountability compete aos responsáveis constantes a fls 311, e sobre o qual se concede – como determinam as boas práticas e o respeito pelos normativos legais e estatutários –, ao executivo que sob a sua responsabilidade os mandou preparar e os aprova;
· O relativo ao Relatório de Gestão que lamentavelmente não procede a uma análise isenta e critica aos actos de gestão relativos ao exercício em análise, porquanto:
o Não enuncia e enquadra o quadro financeiro do ano no conjunto do mandato dos eleitos,
o Não evidencia qual ou quais as linhas orientadoras imprimidas à gestão camarária no período, ao não enunciar os princípios e regras imprimidas e, logo, também não faz qualquer exercício, por ténue que fosse, à capacidade de realização do respectivo orçamento; diga-se a propósito que se avaliação fosse vista sob esta perspectiva a notação a atribuir seria de 45,11%;
o Não foram evidenciadas quais as prioridades determinadas pela gestão camarária, percebendo-se que a execução que resultou do ano transacto se resumiu ao seguinte:
FUNÇÃO | TAXA DE EXECUÇÃO FINANCEIRA |
Funções gerais | 38,27% |
Funções sociais | 43,09% |
Funções económicas | 67,45% |
Outras funções | 30,49% |
Total Geral | 45,11% |
- Diríamos ainda que a Sr.ª Presidente, como este documento reflecte, não se pronuncia sobre o resultado alcançado, refugia-se numa Síntese e Perspectivas Futuras que como as passadas são o exercício do mais ou menos, ou do mais do mesmo, não reafirmando as linhas programáticas, sob as quais se apresentou a sufrágio, nem em qualquer ponto do relatório se pronunciou pelos baixos níveis de execução do plano e orçamento (documentos previsionais), se justificou pelos resultados obtidos, nem se pronunciou pela qualidade da gestão que exerceu no mandato anterior.
- Para uma melhor compreensão, a análise do Relatório de Gestão devia ser articulada com os documentos previsionais para 2009.
- O relatório de 2009, à semelhança dos anteriores, reflecte a falta de rigor e seriedade politica, que os vários Planos e Orçamentos apresentam. As previsões continuam a ser empoladas, propositadamente, quando as receitas dos anos que antecedem essas previsões, nem a 50% conseguem chegar. Mas este problema é sintomático e recorrente, de mandatos anteriores.
- Também é obvio que esta metodologia de gestão autárquica, só serve para “iludir” os utilizadores da informação veiculada, os fornecedores, empreiteiros, agentes económicos e os cidadãos em geral. Senão, e, através de uma breve aproximação, constatamos que o nível de execução dos investimentos fiou-se por ¼ do orçado, e ao nível das GOP, o executivo, ficou-se pelos 45%.
- E, mesmo tentando seguir a metodologia do que é apresentado, o resultado da análise comparativa entre 2008 e 2009, não deixa margem para dúvidas:
- Aumento do passivo em 3 M€
- Aumento dos custos operacionais em 2 M€
- Diminuição dos proveitos operacionais em 3 M€
O que evidencia a continuação dos gastos e pouca preocupação ao nível de conseguir receitas.
a) Por outro lado na prestação de contas estão registados 60 M€ relativos a Custos Operacionais, tendo sido reconhecido um erro de lançamento de 4,4 M€; um aumento de 0,6 M€ o que dá um diferencial de 5M€ lançados a mais.
- E, no que respeita à dívida a fornecedores regista-se um aumento de 34%, passando de 10,2 M€, em 2008, para 13,2 M€ em 2009
Dividas a fornecedores/ Curto Prazo | |
2008 - 10,2 M€ | 2009 - 13,2 M€ |
´+ 3,5 M€ | + 34% |
E a dívida vai gradualmente subindo tornando-se incomportável para o Município e para os agentes económicos.
Com orçamentos inflacionados, com esta execução financeira débil, a verdade é que se promete muito e realiza-se pouco.
- A nossa apreciação do relatório de gestão do Município e, sem recorrer a uma análise mais pormenorizada, que tornaria demasiado extensa e repetitiva, esta declaração de voto justifica, no entanto, uma reflexão mais ponderada sobre a realidade da gestão politica do Município que se pode ilustrar pelo que consta a Pag. 325 - Relatório de Gestão
2008 | 2009 | |
Despesas com pessoal | ± 32 Milhões | ± 27 Milhões |
Se se trata de um ERRO GROSSEIRO em que em 2008 foram lançados ± 5 milhões a mais de remunerações, valor que se diz ter procedido à regularização em 2009; Que tipo de regularização? E o que se entende por regularização? Como se pode entender em erro desta natureza que equivale a ± 25% das despesas de pessoal? Como passou um erro destes ao revisor oficial de contas? A certificação legal relativa a 2008 continha qualquer menção?
- A questão que fica é que afinal com esse “acerto”, a gestão do exercício de 2009 é pior que em 2008? É que se em 2008 fosse corrigido o resultado líquido passava de 3 milhões negativos (prejuízos) para cerca de 2 milhões de lucro, logo melhor que 1 milhão apresentado em 2009.
E para isso contribuíram decisivamente os resultados operacionais que diminuíram 5 M€ (em 2008 foram de 7 M€ e em 2009 foram de 2 M€) (Verificou-se que o diferencial de +2M€ relativos a custos operacionais e menores proveitos operacionais de 3 M€).
- Afinal verifica-se que a tão propalada diminuição da dívida a fornecedores e a diminuição do prazo médio de pagamentos não passa de intenção. A CMS endividou-se mais no curto prazo, o que é grave do ponto de vista da boa gestão. A análise destes elementos, só por si, retira qualquer credibilidade, a qualquer justificação técnica e financeira à sua gestão municipal.
Pelas razões expostas, os Vereadores do PS votam contra este Relatório de Gestão e por conseguinte não o subscrevem.
Setúbal, 14 de Abril de 10